Rio nas altura por Nilo Lima

RIO CARNAVAL

domingo, 27 de junho de 2010

O negócio é ficar...


O negócio é “ficar”

Para que arrumar?
se dentro de nós o desarrumado é perfeito

Pra que ajeitar tanto?
é perda de tempo.

Pensar nessa etiqueta britânica
Nesse cuidadoso agendamento
Puxa! “Dançou”...
Isso é coisa de museu.

Não vou ficar nesse racionalismo cruel,
deixa “rolar” e ver onde parar;
embola tudo que nem novelo de lã;
não é hora de procurar agulha no palheiro.

Roupas de grife, que “nada”;
Sapato cromo alemão;
Meias importadas;
“esquece”, isso foi na apresentação.

Agora o “negócio” é “jogar”
Joga tudo pro lado
Faz pilhas aqui e acolá
Se tampar a luz pouco importa.

O principal é termos um espaço
Único e absoluto
Se possível estreito que
Nem cama de solteiro.

Ficamos como no princípio da vida
“nuzinho”
Bonito em sua autenticidade.


“Ficamos” nós
“Curtimos” nós

mochiaro”

sábado, 26 de junho de 2010

Vejo


Vejo...

Vejo a água rasgando a terra.
Um pequeno córrego se avoluma,
Gotas fracionam-se em liberdade,
Outras evaporam felicidade.

É o choro contido que soluça.
Gargarejando em cantigas.
Um cheiro forte contamina o ar.
Sou livre grita e, força passagem.

Meus pés se avolumam no solo,
Enlameados buscam amparo,
Escorregam no êxtase da natureza.

La se vai...
Marcando seu domínio.
Chocando e contornando obstáculos,
Arrastando e levando pedras,
E outras tantas deixadas.

Busco lembranças e num todo;
Recordo dos momentos onde a terra
Era seu corpo.

Onde a água era o doce salgado do seu suor;
A minar cada vez mais forte.
Até o exato momento.

Do seu grito, gritante do prazer.

Sou livre! sou livre!

Você me fez mulher.

mochiaro

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Em uma tela...

Uma tela vazia
Uma tela jogada, empoeirada,

Num sopro gigante um pintor
Ecoou em ventos abrindo em claridade

Uma tela vazia
Propõe-se, oferecida a ser marcada,
Em riscos, borrão seja lá;
Todo um pensamento passante,
Por uma mente em loucuras.

Uma tela que se inicia;
A retratar o que em si se desdobra.

Nos primeiros traços,
Esse ser angustiado busca por resultados.

Uma tela agora... realizada



Com riscos sem definição para os leigos,
Com riscos sem definição para os entendidos.

Mas, em mim, riscos é presença
Pois nos cruzamentos das linhas,
Você em definição se compõe.


mochiaro

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Maria dos Antônios


Maria dos Antônios

Todos os anos
No dia 12 de junho comemora
O dia dos namorados

Uma correria,
Melhor dizendo
Um assalto ao santo protetor
“...o antonio”.

Assim, são marias de todos os nomes
Na procura de alguém que lhe preencha
Um torturante vazio
Cada vez mais profundo

Um poço de ausência que se faz presente
No passar dos anos
Desde a origem do amor
Até os dias recentes onde a procura
Torna-se virtual

Um toque de dedos numa tecla fria
Uma imagem brotada num retângulo em luz
Uns dizeres digitados
Um amor virtual avivado
Uma despedida deletada

E mais um ano sem esperança
Um frio, um abandono, um ninguém

Enquanto o homônimo do santo
Perto se perpetua

E a maria de tantos nomes
Tortura-se ao vê-lo passar

E em seu quarto tira a imagem do santo
E coloca a imagem do antonio
E pede ao antônio gente
Que fale com o santo antônio
Para que o santo fale com antônio
Que a maria de tantos nomes

O ama mais que o próprio santo

Mochiaro