Rio nas altura por Nilo Lima

RIO CARNAVAL

domingo, 25 de outubro de 2009

Saudade


Saudade

Envolvi meu corpo
Num abraço de próprios braços
Tentando sentir o seu calor
Tentando sentir seu corpo Junto ao meu,
Como antes!
Fechei os olhos
As lágrimas escorreram
Enquanto você dizia o seu amor
Num sussurrar de pensamentos
Que me tomaram neste momento!
Gritei,
Mas a voz não saiu,
Ninguém foi capaz de ouvir
A aflição que vinha em minh’alma
Que dor é essa, que abre caminhos
No corpo e na alma,
Não obedece ordens
E se apodera dos sorrisos?
Que dor é essa, tão profunda que emudece
Tão escura que cega os olhos no brotar das lagrimas?
Que dor é essa, que sangra tanto
E ninguém vê?
Que rouba o paladar, que apaga as esperanças
Que sussurra ameaças de morte
Acorda as lembranças pra que doa ainda mais?
Que dor é essa, que de febre deliro
Que me rouba o ar e eu sufoco
Sem sequer gritar?
Que dor é essa, que esfola o carne
Que tortura a alma
Até você voltar?
Que dor é essa que só ameniza com beijos
Com toque de pele, com olho no olho
E mil promessas de amar?
Que dor é essa?


Rosane Oliveira

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dócil acalanto







Em uma permissão concedida,
num acalanto dócil e meloso,
em poros dilatados
em viagem na mudez das palavras.


Emergindo meus desejos,
em ondas surfantes,
no ar quente exalado em vibrações.



Nesse salivar em salgados deslizes
arquejante em descompassada taquicardia,
em gotas a gotas suplicantes,
num momento de prazer em versos penetrantes
ao esfregar minha mão em pintura de aquarela.



Envolvendo-se em meditações profunda,
ao acordá-la em toques carinhosos,
nessa aconchegante interrogação
ao seqüestrar seu sentimento.


Tomo o comando desse barco,
no balanço das ondas que em seu corpo navega
beijado na aragem em troca de calores,
esculturada com cinzel em delicados cortes

a sangrar desejos de um presente ativo.

E de um passado esquecido

mochiaro

sábado, 17 de outubro de 2009

Alzheimer


Alzheimer

Imóvel

sobre o leito

inerte

aos apelos da carne

sequer reconhece a dor

nem lágrimas

nem sorrisos

nenhum sentir lhe aflora

apenas o ir e vir

sem "pra onde"

ansiedade lhe devor

aos caminhos desconhece

E você quem é?

nenhuma toca é sua óca

tudo

é ainda insuficiente

é o Alzheimer

a destruir o "presente"
na lucidez extinta

apagam-se as luzes

uma a uma

e no virar da madrugada

resta um corpo

de alma ausente

ainda vivo

sem "passado" e sem "presente"


Rosane Oliveira

domingo, 11 de outubro de 2009

Carinhosamente








Carinhosamente


Carinhosamente ao tocar-te na tez
deixando- te querer assim
nesse aquecimento gradativo
em sonhos de menina.

Acolhida em sua luminosidade
nesse ninar em meus braços
no despertar do teu coração
acolhida em meu ninho
.
Em calores antecipados
em perdidos momentos
num toque só meu.

Afogando no desejo da paixão.

‘“senti minha vida
sorrirem milhares de sonhos
esse amor
tão bonito
não pode acabar”

mochiaro





sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Placebo


Verte nos orifícios
O vazio
Flui junto ao vermelho
Bolhas de "nada"
Trombos de dor abrem passagem
Entre as bolhas naufragadas

Exala
o inodoro

sabor insípido
de um grito mudo
em ecos desconexos

a luz fosca
o céu encoberto
a ausência da lua
comungam desta "pane"

Eis-me aqui
Inerte a vida
Embebida na essência amarga
Do instante
Que me rouba o sorriso!

Rosane Oliveira

domingo, 4 de outubro de 2009

Aliviada

no interruptor
o dedo
no ambiente
a penumbra
e o perfume nas narinas
presença
invisível aos olhos
sentida na pele
e no cheiro
o sorriso me saltou
a lágrima aflorou
a tranqüilidade ficou
na noite o cheiro adentrou
adormeci
incorporada

Rosane Oliveira

Tecelã


Tecelã

No tear do pensamento,
Teço as teias que te envolvem,

E as minhas esperanças;

No breu da noite,
Desfio meus medos e inseguranças;
Teias que se desfazem
No melado de um aconchego;

No fiar do fio mais brilhante,
Ganho asas,
E sobrevôo o horizonte,
Debruço sobre os sonhos,
E adormeço...

No tecer do azul dos olhos!

Rosane Oliveira

Travestida


Travestida

Não, não sou...
Não sou o que eu queria ser!
Rastejo quando quero voar,
Choro quando quero sorrir,
Naufrago,
E nem tento submergir!

Não estou onde queria estar,
Fico aqui...
Mergulhada nos meus lamentos,
Quando nos teus braços
Eu desejo naufragar.
Viajo nas minhas lembranças
E tudo o que quero,
É beijar, beijar...
E morrer de te amar!

Sorrio entre as lágrimas
Que teimam rolar,
Deixo a saudade me inundar,
Guio-me pelo brilho do teu olhar!

Que covarde sou eu,
Que não luto pelo amor teu?
Aceito passivamente os obstáculos,
As algemas de um amor tirano,
Que se acabou,
Mas ainda me mantém em dormência.

Que covarde eu sou,
Que aceito ser infeliz?
Acumulo cicatriz,
E tudo apago e refaço,
Como se a vida,
Fosse uma lousa escrita em giz!

E o amor que eu sinto não me cabe,
À distância me faz vil,
A dor não expurga nas lágrimas,
E o tempo se esvai...
A saudade me consome,
A insônia se apodera,
Nem percebo a primavera,
E cadê o meu amor?
Meu horizonte é só um fio
Delgado, frágil...quase invisível!
Tal qual a liberdade,
Pela qual não brigo,
E o reflexo que já nem vejo...
Tal qual o amor que escondo em mim,
Junto das sombras
E das flores de jasmim...
Como se ele fosse pecado,
Um caminho desviado,
Sentimento desvairado,
Um fruto inseminado,
E precisasse ser sepultado!

E o conflito aflora,
Verte nos poros,
As lágrimas rolam,
Os sorrisos saltam,
Os olhos brilham,
E eu transbordo amor...
Me afogo em dor,
Me embriago de saudade,
Me privo das vontades,
Me escondo da verdade...

E lá no fundo,
No mais profundo...

Veste “luto” o meu amor!

Rosane Oliveira

Eu Fui...


Eu fui...

Levado por um vento

Que num repente açoitou-me

Amargamente arrastando-me
Sem destino.

E esse vento tirou-me um sentido

O do olfato me cerceando o direito

De sentir o perfume das flores

O néctar expelido por elas

Direcionando-as em outra direção...

Como eu vou me guiar?

Se perdido estou e não pressinto

Onde você se encontra...

Como vou me posicionar?

Se apalpo e não te toco?

Se procuro e não te acho?

Vou me rebater contra esse vento

Vou me desviar e enfrentar sua ação

Vou reagir e furar esse contento

Mas vou chegar até você

Queira a natureza ou não...

Vou me agarrar em seu corpo

Vou me enraizar em seu solo

Vou me alimentar de seu sustento...

E assim, protegido

Vou esperar a calmaria

E me acolher de novo junto a você!

mochiaro

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vielas da vida


Ao beirar por entre as vielas da vida,
Deparo-me sempre com obstáculos
E caminhos marcados; sulcos de pisares anteriores,
Em tanto de passos dados,
E nem sempre retilíneos, ou sinuosos.

Ao passar sempre diante da mesma janela
Paro e me retenho ao ver uma luz em sombras,
A marcar na cortina no balançar do vento,
Uma imagem que não a sua.

Pausadamente vou marcando os dias a chegar
Nessa esperança contínua de fé
Em que em corpos e calores
Nossa união se fará presente.

Dizes e afirma que és minha
Pois sinto no expressar de suas verdades
Um todo de desejos e vontades
Ao me ler, ver e ouvir-me

No que somos e ainda buscamos ser
Sigo-me na luz da lua a guiar-me
E um grito explodido dentro de mim
Abafa-me, sufoca-me
Nessa ânsia de tocá-la
Em suores deslizantes de prazeres.